quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Concepções de Escola, Ensino e Aprendizagem sob o prisma de Edgar Morin

Morin defende a reforma do pensamento através da complexidade e, nesse contexto, enxerga a sala de aula como um organismo fonte de complexidades e diversidades sejam elas culturais, econômicas ou sociais. Contextualizar e interdisciplinarizar oferecem, para Morin, maior possibilidade de aprendizagem. Observar que as disciplinas se interprenetram e são interdependentes amplia a visão de mundo, assim, dividir saberes em áreas não deveria invalidar a comunicação, mas contribuir para a interação entre as mesmas.

Esta será, sob o prisma de Morin, a proposta da escola: promover e incentivar a interação entre as diversas ciências, derrubando esta barreira através da transdisciplinaridade, impulsionando de forma global a construção do conhecimento.

Desta forma, o ensino e a aprendizagem, contextualizada dentro da concepção da diversidade e complexidade, visa transformar a educação e também a mentalidade do ato de educar. Então, a modificação das práticas pedagógicas reprodutoras e a atenção dos educadores para os novos paradigmas os quais são solicitados nestes novos tempos, os farão aprenderem a lidar com as incertezas que são apresentadas.

O Livro escolhido para trabalhar as Concepções de Escola, Ensino e Aprendizagem foi Os Sete Saberes Necessários para a Educação do Futuro, o qual destacamos abaixo, em forma de tópicos, sintetizando o pensamento do autor:

Este livro foi escrito a partir de uma solicitação da UNESCO a Edgar Morin, em 1999 e nele, o filósofo tece reflexões acerca da educação do século XXI, mostrando que é necessário repensar as práticas pedagógicas contemporâneas.

1º Saber - Conhecimento
O primeiro dos sete saberes diz respeito ao Conhecimento. Ao obter cohecimento através do ensino, estamos obtendo saberes, no entanto, há nesse contexto erro e ilusão os quais são associações do ensino que transcorre das crenças passadas. Em assim sendo, o conhecimento é consequência de uma recontrução formado de palavras e ideias, ou seja, linguagem e pensamento, correndo então risco de erro. Esse erro advém porque cada indivíduo na construção de uma linha de pensamento tem sua interpretação da realidade diferente dos demais. Acrescente-se aí as diferenças culturais, sociais e de origem que por si só são fatores que desencadeiam modos divergentes de pensar a mesma situação. O prisma daí originado, também leva ao erro e à ilusão porque cada povo estará de posse da “razão e da verdade” vendo-a unicamente de acordo com a sua cultura e origem.
2º Saber - O conhecimento pertinente
Este saber aborda o ensino multidisciplinar. O conhecimento fragmentado, disciplinar não fornece o conhecimento do todo, da realidade total. As conexões existentes entre as disciplinas, inserida em determinado contexto, leva ao conhecimento amplo. Essa capacidade de contextualizar dados e conhecimentos devem ser estimuladas no ensino, tendo a ótica global e multidimensional, passando pela complexidade, ou seja ligar a unidade à multiplicidade.
3º Saber - Identidade humana
Como indivíduos pertencentes a uma sociedade e de mesma espécie – a espécie humana – movidos pela cultura, pois dentro dela nascemos, mantemos uma relação indivíduo-sociedade-espécie gerando uma trindade humana. O ensino do futuro deve contemplar essa interação, mostrando que o homem sendo unidade faz parte da diversidade e da multiplicidade. O ensino da literatura e da poesia aborda essa complexidade humana, promovendo também conhecimentos além das ciências sociais, fazendo-nos refletir e compreender a complexidade humana.
4º Saber – Compreensão humana
A palavra compreender – vinda do latim compreendere - significa colocar junto todos os elementos de explicação, ou seja, diversos meios para compreender um assunto. Todavia, a compreensão humana vai além: insere também a empatia e a identificação. Com este entendimento, podemos sair da zona egoística e transformar a sociedade individualista, compreendendo não só a nós mesmos como também aos outros.

5º Saber – A Incerteza

Ensinar o princípio da incerteza significa ensinar a ter a consciência do surgimento do inesperado. Trabalhar com a ideia de que não existe determinismo no progresso; que previsões podem ou não concretizarem-se; que a coragem é um valor que conta para o enfrentamento da realidade. Enfim, Morin afirma: “É necessário tomar consciência de que as futuras decisões devem ser tomadas contando com o risco do erro e estabelecer estratégias que possam sercorrigidas no processo da ação, a partir dos imprevistos e das informações que se tem.”

6º Saber – A Condição Planetária

Este sexto saber implica na consciência planetária. Ameaças letais se expandem no planeta e compreender que todos os elementos do problema estão interligados uns nos outros favorece à solução. A humanidade vive numa macro comunidade de destino comum e aquilo que ameaça a sobrevivência de um ser no Oriente, tem implicações no indivíduo do Ocidente. Todos e tudo está inteligado.

7º Saber – Antropo-ética

Este último aspecto trata da moral e ética humana. Voltando a abordar a trindade indivíduo-sociedade-espécie, podemos ver que os problemas morais e éticos “diferem a depender da cultura e da natureza humana.” Então, orientar o indivíduo a exercer sua responsabilidade social, desenvolvendo sua capacidade cidadã fomentando um trabalho de consciência responsável diante do micro e do macro.

Os Sete Saberes não pretendem destruir disciplinas, porém integrá-las para desenvolver a visão global, a visão do todo e hoje que o planeta já está, ao mesmo tempo, unido e fragmentado, começa a se desenvolver uma ética do gênero humano, para que possamos superar esse estado de caos e começar, talvez, a civilizar a terra.”

2 comentários:

  1. Uma obra que merece ser lida pelos educadores!

    Prof. Chico Gretter
    Vice-presidente da APROFFESP

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  2. Uma obra formadora de consciência e tambem idealizadora de um novo paradigma ,como um modelo de conduta a ser se quido por todos

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